quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

COMUNICADO – Um recém-passado presente

O dia 09 (nove) de julho entrou para a história de Alagoas como a data em que foi deflagrada a maior e mais longa greve dos servidores do DETRAN, foram 36 (trinta e seis) dias de luta em que os trabalhadores, num ato simbólico, ocuparam a sede da direção da autarquia e lavaram a corrupção do órgão – não custa lembrar que dois diretores do DETRAN, nomeados pelo atual governo, foram presos pela polícia federal.

Após enfrentar sol, chuva e até parar um trem, para chamar a atenção da sociedade para o movimento por dignidade, respeito e moralidade do órgão, promovido pelos servidores, recebemos apoio da CUT (Central Única dos Trabalhadores), MSCC (Movimento Social Contra a Corrupção e a Criminalidade), imprensa, despachantes, auto-escolas e a solidariedade de inúmeros sindicatos, sobretudo após a ação desastrosa do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) que de modo covarde e truculento, tentou, inutilmente, por fim a organização dos trabalhadores.

Diante do impasse, os servidores reunidos em assembléia propuseram “abrir mão” do indispensável reajuste salarial em troca de uma intervenção federal no DETRAN de Alagoas. Tratava-se de uma nova estratégia: “Reajuste Zero, Moral Dez”, deixando o governo emparedado.

Após determinar a suspensão dos salários, ameaçar demitir todos os grevistas e reafirmar a manutenção da velha e podre direção do DETRAN, o governador assistiu estarrecido a bravura e a resistência do movimento grevista.

Diante da pressão da sociedade, da perda de receita da autarquia e da baixa arrecadação da SEFAZ (Secretaria da Fazenda), por conta do não recolhimento de milhões de reais do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), o chefe do executivo estadual se viu obrigado a apelar para a máxima do: “Vão os anéis ficam os dedos” – numa “canetada” exonera quase toda a direção do DETRAN e nomeia o desembargador aposentado Antônio Sapucaia, uma das últimas reservas morais do Estado, para dirigir o órgão, pondo fim a era da “assembleinha”.

Em 06 (seis) meses de gestão da atual direção houve avanços significativos: quase 80% (oitenta por cento) dos cargos em comissão estão sendo ocupados por servidores efetivos; redução no valor da CNH; utilização da reserva de caixa, cerca de R$ 7.000.000,00 (sete milhões de reais) existentes antes da greve, que certamente sairia pelo “ralo”, para aquisição da nova sede; enfim, bandeiras de luta pelos servidores do órgão defendiam há mais de seis anos.

Contudo é preciso que se diga que os servidores trabalharam com entusiasmo e senso de colaboração para que a gestão do atual diretor-presidente desse e continue dando certo. Foram finais de semana, horários corridos em que os servidores, sem receber uma única hora-extra, não mediram esforços para pôr a casa em dia. O transporte dos servidores que existia há mais de 27 (vinte e sete) anos e a alimentação de quem dar plantão (o que é assegurado por lei – Lei Delegada nº 43) foram cortados a mando da diretoria do DETRAN, entretanto ao invés do enfrentamento os servidores continuaram trabalhando e aguardando o devido reconhecimento.

Chegada a data-base de todos, o diretor-presidente publica portaria em que ele transfere para o Secretário de Gestão Pública o papel de negociador do reajuste salarial junto ao governo.

O sentimento dos servidores é de que todos estão órfãos pois uma pessoa com a credibilidade e influência que goza o Dr Sapucaia junto ao governo – pois recebeu carta branca – poderia evitar a radicalização do movimento, facilitando a construção de um acordo entre os trabalhadores e o governador.

Os servidores estão se sentindo abandonados, desmotivados e isso é muito ruim para a instituição, pois não é possível um novo DETRAN sem o envolvimento dos mesmos.

Ainda mais lamentável foi a publicação de uma CI (Comunicação Interna) entre os vários chefes e coordenadores determinando que e liste o nome de cada um dos mais de 100 (cem) servidores que participaram da última assembléia convocada pelo sindicato. Esse patrulhamento ideológico, tentativa inútil de intimidação, comum no período da ditadura militar, não nos causa nenhum receio, a história recente atesta isso.

O SINSDAL (Sindicato dos Servidores do DETRAN de Alagoas) continua acreditando na capacidade do diálogo para negociação do reajuste salarial tão esperado pela categoria, ao tempo em que apela para o bom senso daqueles que dirigem o órgão, pois, o enfretamento não será benéfico para ninguém. Apesar dos trabalhadores estarem desamparados pela diretoria atual, os servidores estão unidos e fortalecidos, pois já travaram muitas batalhas e estão conscientes de que outras tantas virão.

Se o Secretário de Gestão Pública responde pelo DETRAN é com ele que se negociará o reajuste.

SAUDAÇÕES A QUEM TEM CORAGEM.